Miscelânea Incessante

finda o sal que escorre do meu peito
pois há dias que somente sua voz doce tem me feito bem
e me tirado o sono
e me dado paz
e me posto à porta do inferno
e você nem sabe
você nem imagina
qualquer suspiro aqui lembra você...
até quando, Deus?
até quando?
...

Arco-íris e brócolis.

Dois pseudo-estranhos que a longa madrugada tratou de tornar bons amigos.
É certo que o dia nunca mais amanhecerá da mesma forma, ao menos aos meus olhos.
Agora o céu além de arco-íris também tem brócolis.
A sua dor é a minha dor.
Imaginar teus olhos assim, pesados,
condolentes,
me ferem a alma.
Eu quero te curar,
cessar seu pranto,
por fim ao seu lamento.
Não há o que ser dito.
Eu só quero estar por perto
pra juntar seus pedaços.
Meu coração está marejado e
eu só penso em te confortar.
EU TE AMO!
E isso é tudo que eu tenho pra oferecer.

Retrato fixo ao peito.

Desenha-me.
Numa linha sagaz, numa linha amarga de ternura.
Pinta-me.
Com contornos superficiais, contornos delicados e imprecisos.
Borra-me.
Num preto opaco, num laranja feio e intragável.
Recorta-me.
Com tesouras oblíquas, com tesouras de quem quer meu bem.
Cola-me.
Em tua parede com outras figuras minhas, tua parede infiltrada e bolorenta.
Rasga-me.
Com tuas mãos de ódio e mágoas, tuas mãos tristes e enganadas.
E por fim,
Pinta-me novamente.
Com teu sorriso bobo, teu sorriso satisfeito das minhas mentiras e sereno de minhas desculpas.