Eu deveria ter atirado em sua cabeça antes que você me desse as costas...
Assim eu não precisaria esperar ansiosa por sua volta.
Caminho contra os cacos
Sorrio enquanto sangro
Deslizo sob a sujeira
Rastejo no que não compreendo.
Impulso seguido de arrependido
Futilidade atravessando os olhos
Acompanhada de meu desespero
Abafado, omitido por um dedinho
De felicidade multiplicada.
As palavras me usam.
Lágrimas são linhas
Enquanto o riso apenas cala.
Andei calada, mas durou tão pouco
.

Os dias voltaram a ser linhas.

ps1: Não tenho mais amores, tampouco dores.
ps2: Não tenho mais temores, tampouco cores.

Plano de Detalhe

E nós que pretendíamos viver durante muito tempo na vida um do outro,
no dia seguinte já não lembrávamos nossos nomes,
na semana seguinte já tínhamos um novo plano de detalhe.



Não adianta nem tentar...
O que mesmo?

Ferida nos olhos/ Dor nos olhos/ Amor nos olhos.

O mar nos meus olhos embaralhava o que você tinha pra me dizer, mas eu os forçava, mesmo com o pesar pelo cansaço.
Cheguei a enxergar o que não existia, ensurdeci pra voz que berrava felicidade em meus ouvidos, só por ter olhos enganados.
As linhas que falavam sobre amor verdadeiro pareciam evaporar tão rápido quanto o seu cheiro da minha lembrança.
Esses malditos olhos esqueceram tudo, somente pra encontrar com os seus, e choraram só por ver seu sorriso.
Era fácil ler o coração cheio de coisas boas, nesses mesmos olhos que nessa semana buscam desesperadamente motivos para continuarem voltados pra você.
E os seus olhos? Onde estão? Ninguém os vê.
Entre um copo cheio e outro é possível que alguém comente e faça piada de seus olhos bêbados de felicidade passageira. E fora isso, cadê?
Estão tão cegos e enxergam somente você. 

Também não vale a pena saber o que os meus olhos sentem agora, já que os seus estão saturados e preferem cerrar, antes que você fique irritado.
E quando a chuva no corpo não é mais capaz de disfarçar as lágrimas,
lavar sua alma e apagar seus pecados?

Eu, que canto a desistência, reforço o sangrar dos olhos,
queria somente o mesmo ar aos meus pulmões.
Sorria pra mim novamente e diga que está tudo bem
quando eu acordar.

A chuva continua a implorar meu corpo lá fora,
tentarei de novo.

Por fim, acho que esse é o único amor
verdadeiro que pode mesmo durar pra sempre.
O do meu corpo pela chuva.
seu sorriso cuidadosamente imperfeito
e o seu cachecol bonito
nos seus pés o all star amarelo
abraçou-me afetuosamente
nossas palavras sem sentido
fizemos piada sobre seus novos óculos
meu rosto iluminado por sua presença
meus gestos tímidos
outro intenso abraço
despedida.

e foi a última vez que meus olhos sorriram.


não se preocupe, essas linhas não fazem mais o menor sentido,
não foram escritas pra ninguém... real.
Brilho intenso de uma manhã que se fará memória
Ouviu dizer que alguém sonhou em fazer coisas incríveis em sua vida
Deixou-se levar
Deixou-se perder
Derreteu.
O dia se fez noite
E quando a noite vem as idéias mudam
Marcou um almoço com um antigo flerte, ele ainda merecia atenção
Deixou-se tocar
Deixou-se apaixonar
Recaiu.
Madruga chegou trazendo frio
Ouvia uma canção dizer que todo amor encontra sempre a solidão
Deixou-se ferir
Deixou-se inquietar
Desistiu.

arte sem cor

Fiz algo mais nos seus olhos
e inverti as cores
-pra quê fiz isso?
pra ver-te
de outra forma
com amor
pois tudo que faço
dedico a isso
mas...não ficou bom.
ficou divertido...
agora coloquei um preto ao fundo
vendo que tudo está
muito vazio aqui



originalmente: 01/05/09
por: Rafael Mello
Amei ele baixinho, todas as horas silenciosas que estive olhando pro ponto fixo na parede desse apartamento. Até mesmo enquanto tentava me concentrar no livro que me faz lembrar outro.
Em companhia de cigarros e da xícara de flores, preenchida até a metade de tempo em tempo.
Facas me acertaram os olhos. A rua que vi pela janela é apertada, escura e vazia. Era a metáfora perfeita pro que eu sentia. 
Aliás, não sentia... não te sentia.

Encontrar teus olhos é esquecer quaisquer que tenham sido as minhas promessas... trair todos os meus sentidos, entrar em controvérsia .

Até o presente momento a menina com lágrimas borrando o desenho dos olhos dizia estar sendo sincera. De fato, ela havia agido com a doce sensação de estar usando pouco a sua razão.
Vez ou outra, não continha o exagero de não saber usar direito as palavras ou por pura conveniência de ego.
Perdeu-se tantas vezes por aí, sem a mínima culpa. Mas durou pouco, até que seus atos começassem a lhe atormentar, suas mentiras lhe presenteassem de volta com tal intensidade como quem lhe esmagasse contra uma frágil parede de vidro.
Pensou em mudar, mas foi tão inútil. Ela era fraca demais diante do que lhe gelava o estômago.
Então, a menina ergueu seus olhos e enxergou um passado que ela ainda poderia alcançar e abriu os braços. Ainda sem entender o motivo pelo qual deixou o brilho dos seus olhos no passado, sentiu medo, sentiu pena. Não de si, mas sentiu como quem estivesse enganando uma multidão, sem se preocupar em apagar o brilho dos olhos de alguém... e chorou. Não era isso que ela tinha em mente.
Sentiu-se presa a algo que talvez não fosse assim tão interessante, estava confusa, mas não deixou de alimentar a idéia fraca de uma história que sonhou na tevê.
Bobagem, ela dava atenção e importância demais a coisas realmente muito pequenas, era o que lhe entupia as veias.
E finalmente quando as coisas pararam de lhe agradar, de fazer sentido, quando o apreço que lhe parecia tão intenso começou a lhe abandonar, pouco a pouco, dando espaço a insegurança sem que ninguém procurasse ou quisesse entender, acabou compreendendo que olhar nos olhos é o que realmente importa. E ela não encontrava mais os olhos que lhe trouxeram paz. Sendo assim, com os olhos novamente caídos... 

desistiu e sangrou.
Minhas paredes continuam vazias de você.
Eu quero suas cores por todas as partes,
Cores que você me cantou noutro dia.
Aquelas, que você diz ser:

cores de amor.

Cadê teu cheiro que não está aqui?

A coisa toda ficou séria demais pra mim,
não estou conseguindo aguentar, eu sigo.
Eu leio, vejo, procuro coisas que me cortam como uma navalha,
devidamente bem afiada, nos últimos dias ela se aliou a uma porção de giletes.
Pra que tudo isso? Parece que eu gosto de me machucar, que coisa!
Tudo me parecia algo tão superficial, puramente carnal...
É tão cruel, mesmo pra mim que não acreditava em nada disso.
Não, eu não estou tendo auto-piedade, mas sabe,
dói mesmo saber que você tem ela e que eu tenho apenas a distância.
Não tenta entender, não me faz pergunta.
Eu não quero me envolver, eu quero ser fiel a tudo que eu conquistei antes de você chegar,

mas eu me traí e não sinto culpa.
Bom, eu não esperava estar de olhos marejados hoje,
muito menos por você.
Acontece é que me deu um estalo e eu pensei, “caramba! Ta tudo errado aqui, o que eu to fazendo?”
Era tarde demais. Eu adoro tudo em você.
Você com ela e eu aqui, achando que uma hora você aparece pra dizer
um “oi”, e eu vou ficar feliz, mas você nem vai imaginar a proporção.
E o pior é que eu não quero acabar com isso, pelo contrário, eu quero mais e mais!
Isso é terrível, eu sei. Mas não posso tolerar o que estou sentido.
Não digo que é muito, mas suficiente pra me abalar e
sentir medo de que as coisas fujam do meu controle.
É madrugada eu já tomei algumas, amanhã eu já esqueci tudo.
Você não vai estar aqui, não vai saber que eu chorei e se eu tiver sorte
me fará sorrir e te desejar ainda mais.


Enquanto isso eu continuo com dor nos olhos e lágrimas no peito.
Madrugada passada meu desejo de te ter aqui foi tão grande,
eu podia jurar que você esteve aqui.
Sonhei com você, mas eu estava acordada, meu bem.

Eu estou com muito medo disso tudo
e ao mesmo tempo eu gosto tanto.
Mal posso esperar pra que meu coração
salte de vez pela garganta.
Segredou-me às escuras com sua face de ternura.
O que deve ser de grande esforço pra ele, eu imagino.
Disse que por maior que fosse o meu ciúme doentio,

por mais alta que fosse minha baixo auto-estima e
por mais puta que seja a distância dos braços,
ele seria fiel ao que disse, fiel ao que sente.
E foi aí que ele me ganhou por inteiro.

Confiteor

Não sei dizer o que entre nós existe,
Se em amizade ou se em amor consiste.

Não sei dizer, nem ele o sabe.
O certo é que se estamos um do outro perto,

Um par feliz de amantes parecemos.
E somos tristes quando não nos vemos.

Ele é um sonhador arrebatado,
Eu sou uma triste sonhadora, mais nada.

Não sei dizer o que entre nós existe,
Se em amizade ou se em amor consiste.

Por Colombo de Souza em 05/08/1944
O garoto não tinha barba, mas tinha cheiro de maracujá.
Fez-me esquecer dos cabelos de mar. 
Por pouco tempo, claro.

Na caixinha de meus óculos carrego também um band aid.
Pra curar as feridas em meus olhos.


Dia desses topei com uma mulher que ao invés de sapatos usava somente meias nos pés.
Em seu par de meias estava escrito “NO SHOES”.
Vivenciei a cena metaforicamente.
Mas aconteceu. De verdade.
Ondinhas.Várias, várias, várias.
De mesma cor, refletidas em meus olhos, brilham.
Ondas grandes, grandes, grandes, cada vez maiores.
Há tempos não as vejo, mas imagino quão belas devem estar.
Ondinhas que me encantam, imagino-as por entre meus dedos, escorrem, escorrem.
Ondas, que não são de beira-praia, mas tem cheiro, cor e forma que me fazem suspirar.
E eu me sinto como uma criança boba, feliz, como quem acabara de conhecer o mar.



Eu só queria apreciar o mar dos teus cabelos.
Mesmo nos dias mais quentes,
das noites mais abafadas,
pra mim
é sempre tudo tão frio.
E o frio qual me refiro
não é aquele frio do tempo maluco de Curitiba,
na verdade desse eu até gosto.
Eu falo do frio que vem de mim.
Porém, nós ultimos tempos,
mesmo se o tempo fecha,
quando você está por perto
tudo fica tórrido.
É lindo.
E eu gosto tanto,
como gosto!
Aí você vai embora...
não demora muito e eu sinto frio.
E eu mal posso esperar que você chegue
e encantadoramente
leve o frio que me consome com você.
Assim mesmo,
sem percerber.



Que espécie de paz é essa que traz com você?
E que me invade completamente!
Eu não preciso estar perto pra saber que 'é você'.
E só você.
Ponto.

Em breve...

vamos rir das babaquices que planejamos,
das juras que trocamos e das mentiras que contamos.




eu te quis, de verdade.
Quando se está só,
até quando o telefone toca é engano.
Esqueça o mal que lhe fazem,
abra os braços para o bem e
os bons ventos que nos alcancem! 

Miscelânea Incessante

finda o sal que escorre do meu peito
pois há dias que somente sua voz doce tem me feito bem
e me tirado o sono
e me dado paz
e me posto à porta do inferno
e você nem sabe
você nem imagina
qualquer suspiro aqui lembra você...
até quando, Deus?
até quando?
...

Arco-íris e brócolis.

Dois pseudo-estranhos que a longa madrugada tratou de tornar bons amigos.
É certo que o dia nunca mais amanhecerá da mesma forma, ao menos aos meus olhos.
Agora o céu além de arco-íris também tem brócolis.
A sua dor é a minha dor.
Imaginar teus olhos assim, pesados,
condolentes,
me ferem a alma.
Eu quero te curar,
cessar seu pranto,
por fim ao seu lamento.
Não há o que ser dito.
Eu só quero estar por perto
pra juntar seus pedaços.
Meu coração está marejado e
eu só penso em te confortar.
EU TE AMO!
E isso é tudo que eu tenho pra oferecer.

Retrato fixo ao peito.

Desenha-me.
Numa linha sagaz, numa linha amarga de ternura.
Pinta-me.
Com contornos superficiais, contornos delicados e imprecisos.
Borra-me.
Num preto opaco, num laranja feio e intragável.
Recorta-me.
Com tesouras oblíquas, com tesouras de quem quer meu bem.
Cola-me.
Em tua parede com outras figuras minhas, tua parede infiltrada e bolorenta.
Rasga-me.
Com tuas mãos de ódio e mágoas, tuas mãos tristes e enganadas.
E por fim,
Pinta-me novamente.
Com teu sorriso bobo, teu sorriso satisfeito das minhas mentiras e sereno de minhas desculpas.