seu sorriso cuidadosamente imperfeito
e o seu cachecol bonito
nos seus pés o all star amarelo
abraçou-me afetuosamente
nossas palavras sem sentido
fizemos piada sobre seus novos óculos
meu rosto iluminado por sua presença
meus gestos tímidos
outro intenso abraço
despedida.

e foi a última vez que meus olhos sorriram.


não se preocupe, essas linhas não fazem mais o menor sentido,
não foram escritas pra ninguém... real.
Brilho intenso de uma manhã que se fará memória
Ouviu dizer que alguém sonhou em fazer coisas incríveis em sua vida
Deixou-se levar
Deixou-se perder
Derreteu.
O dia se fez noite
E quando a noite vem as idéias mudam
Marcou um almoço com um antigo flerte, ele ainda merecia atenção
Deixou-se tocar
Deixou-se apaixonar
Recaiu.
Madruga chegou trazendo frio
Ouvia uma canção dizer que todo amor encontra sempre a solidão
Deixou-se ferir
Deixou-se inquietar
Desistiu.

arte sem cor

Fiz algo mais nos seus olhos
e inverti as cores
-pra quê fiz isso?
pra ver-te
de outra forma
com amor
pois tudo que faço
dedico a isso
mas...não ficou bom.
ficou divertido...
agora coloquei um preto ao fundo
vendo que tudo está
muito vazio aqui



originalmente: 01/05/09
por: Rafael Mello
Amei ele baixinho, todas as horas silenciosas que estive olhando pro ponto fixo na parede desse apartamento. Até mesmo enquanto tentava me concentrar no livro que me faz lembrar outro.
Em companhia de cigarros e da xícara de flores, preenchida até a metade de tempo em tempo.
Facas me acertaram os olhos. A rua que vi pela janela é apertada, escura e vazia. Era a metáfora perfeita pro que eu sentia. 
Aliás, não sentia... não te sentia.

Encontrar teus olhos é esquecer quaisquer que tenham sido as minhas promessas... trair todos os meus sentidos, entrar em controvérsia .

Até o presente momento a menina com lágrimas borrando o desenho dos olhos dizia estar sendo sincera. De fato, ela havia agido com a doce sensação de estar usando pouco a sua razão.
Vez ou outra, não continha o exagero de não saber usar direito as palavras ou por pura conveniência de ego.
Perdeu-se tantas vezes por aí, sem a mínima culpa. Mas durou pouco, até que seus atos começassem a lhe atormentar, suas mentiras lhe presenteassem de volta com tal intensidade como quem lhe esmagasse contra uma frágil parede de vidro.
Pensou em mudar, mas foi tão inútil. Ela era fraca demais diante do que lhe gelava o estômago.
Então, a menina ergueu seus olhos e enxergou um passado que ela ainda poderia alcançar e abriu os braços. Ainda sem entender o motivo pelo qual deixou o brilho dos seus olhos no passado, sentiu medo, sentiu pena. Não de si, mas sentiu como quem estivesse enganando uma multidão, sem se preocupar em apagar o brilho dos olhos de alguém... e chorou. Não era isso que ela tinha em mente.
Sentiu-se presa a algo que talvez não fosse assim tão interessante, estava confusa, mas não deixou de alimentar a idéia fraca de uma história que sonhou na tevê.
Bobagem, ela dava atenção e importância demais a coisas realmente muito pequenas, era o que lhe entupia as veias.
E finalmente quando as coisas pararam de lhe agradar, de fazer sentido, quando o apreço que lhe parecia tão intenso começou a lhe abandonar, pouco a pouco, dando espaço a insegurança sem que ninguém procurasse ou quisesse entender, acabou compreendendo que olhar nos olhos é o que realmente importa. E ela não encontrava mais os olhos que lhe trouxeram paz. Sendo assim, com os olhos novamente caídos... 

desistiu e sangrou.