Retrato fixo ao peito.

Desenha-me.
Numa linha sagaz, numa linha amarga de ternura.
Pinta-me.
Com contornos superficiais, contornos delicados e imprecisos.
Borra-me.
Num preto opaco, num laranja feio e intragável.
Recorta-me.
Com tesouras oblíquas, com tesouras de quem quer meu bem.
Cola-me.
Em tua parede com outras figuras minhas, tua parede infiltrada e bolorenta.
Rasga-me.
Com tuas mãos de ódio e mágoas, tuas mãos tristes e enganadas.
E por fim,
Pinta-me novamente.
Com teu sorriso bobo, teu sorriso satisfeito das minhas mentiras e sereno de minhas desculpas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, com essas palavras lembrei de um pedaço de uma múica...
"Se eu tivesse a força que vC pensa que eu tenho...Eu gravaria no Metal da minha péle seu desenho."